Por dentro do S da ESG: sua importância e como colocá-lo em prática

O conceito de ESG vem sendo utilizado para medir, de forma geral, a maneira como uma empresa ocupa seu espaço na sociedade. A marca pensa no meio ambiente? E no lado social? Sua governança é adequada? Durante a pandemia, esse conceito, principalmente o Social, ganhou força, já que as pessoas esperam um posicionamento das empresas quanto aos acontecimentos, ainda mais em algo na proporção da pandemia.

Mas, como colocar o ESG em prática, principalmente pensando na responsabilidade social?

O que é ESG

O ESG é um conceito que mostra três principais áreas que uma empresa deve se preocupar para ter uma participação positiva na sociedade – e aumentar seu valor no mercado com isso:

  • E: environment (meio ambiente);
  • S: social (responsabilidade social);
  • G: governance (governança).

Ou seja, a marca precisa se preocupar com o meio ambiente, ter responsabilidade social (interna e externa) e ter bons princípios de governança. Tudo isso para que seu trabalho traga mais ganhos para a sociedade no geral e seu desempenho seja melhor no mercado financeiro.

A sigla surgiu em 2005, quando foi publicado o relatório Who Cares Wins (Ganha quem se importa, em tradução livre) por uma iniciativa liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Desde então, os três pilares vêm ganhando cada vez mais força e são decisivos para as empresas.

ESG na pandemia

O principal objetivo dos pilares ESG até hoje é avaliar a força financeira de uma empresa. Quanto mais adequada ao conceito, mais valor mercadológico uma empresa tem. Ou seja, seu valor no mercado de investimentos vale

muito mais. É a partir dessa análise, inclusive, que muitos investimentos são feitos.

Entretanto, não é apenas no mercado financeiro que esses conceitos passaram a ter valor. Com a pandemia, as pessoas começaram a avaliar, também, o que as empresas que consumiam estavam fazendo para colaborar com a situação.

É a preocupação com a responsabilidade social ganhando força, tanto para investidores quanto para consumidores.

Segundo Filipe Ferreira, pesquisador de governança e diretor financeiro na ComDinheiro, “o momento de pandemia foi um cenário de estresse das políticas sociais como um todo, colocando à prova e separando aqueles que buscam realmente as melhores práticas de responsabilidade social corporativa daqueles que se restringiam às obrigações visíveis”.

Isso porque a pandemia trouxe uma exposição a riscos que a sociedade atual não conhecia, o que mudou o comportamento em todo o planeta. É o que diz Marcos Rodrigues, da MRD Consulting, empresa especializada em gestão: “A responsabilidade social corporativa precisou ser revista, interna e externamente”.

Entretanto, esse posicionamento frente aos acontecimentos sociais, apesar da importância cada vez mais reconhecida, ainda não é visto como elemento principal. “Pesquisas recentes mostram que o Social da ESG ainda é visto como o elemento menos importante do conceito. A responsabilidade social é muito importante, mas ainda tem muito a evoluir”, explica Rodrigues.

A importância do Social da ESG

O S de ESG refere-se ao âmbito da responsabilidade social. A partir dele, a pergunta é “O que a empresa está fazendo, de fato, para melhorar a situação social do país e da comunidade em que está instalada?”

“As empresas são parte de um sistema social maior e mais amplo. São construídas por pessoas e produzem bens e serviços para as pessoas. Em um mundo global, as barreiras que delimitam início e fim da empresa nesse sistema são cada vez mais difusas, de maneira que elas são mais exigidas pelo seu comportamento social. Trata-se de uma evolução constante da sociedade da qual a empresa faz parte”, explica Filipe Ferreira.

A responsabilidade social, inclusive, abrange inúmeros pontos, não apenas as pessoas em si. Como exemplo, Marcos Rodrigues cita:

  • Capital humano propriamente dito;
  • Treinamento de força de trabalho;
  • Relações e condições de trabalho;
  • Diversidade e inclusão;
  • Privacidade e segurança de dados.

De acordo com ele, essas são algumas áreas de responsabilidade social que merecem atenção dentro da empresa e precisam de investimento. Porém, ele afirma que colocar os temas na cultura da organização já traz inúmeros benefícios.

“Na minha opinião, o interno e o externo devem andar juntos. Estamos falando de sociedade. Não tem como ter um comportamento dentro e outro fora, apesar de isso acontecer. As pessoas terem um comportamento ético, que respeite a legislação, faz com que o social cresça em todas as frentes”, explica.

Reportagem originalmente publicada na revista Consumidor Moderno.